O termo Comunicação Integrada e tudo que esse conceito significa, é muito usado nas estratégias de Marketing Digital, objetivando ajudar produtores de conteúdos à gerar valor ao seu público. O comunicador Simon Sinek desenvolveu um sistema muito interessante para entender essa comunicação, chamado Ciclo de Ouro.
Nele, podemos encontrar três fatores importantes que toda organização, veículo de comunicação ou marca pessoal precisam ter definidos claramente, para transparecer ao seu público alvo. Esse esquema explica a Comunicação Integrada, porque se apropria de cada área da comunicação. Para Simon Sinek, o centro dessa comunicação precisa ser o ‘Porquê”, caracterizado pelas Relações Públicas. Esse âmbito está diretamente relacionado ao propósito. Logo adiante, vemos o “Como”, caracterizado pela Publicidade e Propaganda. Nesse momento, pensa-se sobre o produto. Seja ele físico, uma experiência, ou uma informação: “como eu quero que você faça o que você faça”, ou seja, a conversão desejada. E no campo mais periférico, temos o “O quê”, representado pelo nosso Jornalismo! Nele, nos remetemos às notícias, ineditismo, timing de conteúdo, ao “estar na boca no povo”.
Por mais que para Simon Sinek, o interior de seu ciclo represente a esfera mais profunda -sem com isso menosprezar a importância dos círculos mais periféricos- podemos nos apropriar de seu esquema para compreendermos o pensar jornalístico para além das mídias online. Podemos vê-lo no campo mais externo, justamente por ser a esfera capaz de estabelecer esse journalism thinking essencial para solução de problemas. Ele é como uma porta para que se acesse mais facilmente, o “como” e o “porquê”.
Isso serve tanto para empreendimentos mais obviamente ligados ao jornalismo, como para ajudar pessoas, apropriando características oriundas da profissão, que podem ser agentes facilitadores para solução de problemas. Como? Vamos para a prática!
Um pouco pauteiro: Logo no começo do curso, aprendemos a respeito da construção de uma pauta. A ânsia por novas narrativas nos impulsiona a observar contextos à nossa volta que podem se converter em uma informação relevante. Toda gestão organizacional que se perde em perceber as possíveis soluções presentes externamente, necessita que essa habilidade seja desenvolvida.
Um pouco apurador e repórter: O processo de solução de problemas não continua se não houver o distanciamento da questão, algo que todo repórter é desafiado a exercitar no momento de apuração. É ir à frente, ser um coolhunter, ou seja, um pesquisador de tendências. Muitos empreendedores exercem essa habilidade de apuração no dia a dia, sem se darem conta de que essa habilidade é algo do jornalismo.
Um pouco curador: Identificar em qual veículo e, de qual maneira, uma determinada informação ou conteúdo deve ser disponibilizado. É um posicionamento mercadológico que o jornalista aprende a perceber com o tempo. Podemos dizer que, de certa maneira, o histórico da profissão ao longo dos anos forçou o jornalista, calejado por mudanças, a aprender a sempre perceber não só o que, mas como e em qual lugar, o seu público precisa receber informações. Quando nos costumamos com determinada mídia, já é tempo de se atentar para algum burburinho que tem surgido em outro lugar, porque precisamos está lá, antes mesmo dos nosso público chegar de forma massiva.
Essa é a hora de colocar em prática o seu lado apurador e repórter. Afinal, se você gosta de estar à frente, lançar tendências e influenciar comportamentos, mesmo que seu público não esteja lá, você pode educá-lo para estar. Mostre que sabe conversar com seu público, que conhece seus gostos e pode entregar o que ele precisa, mesmo numa rede social onde ele talvez não esperaria sua presença, por exemplo. Como ilustração desse tópico, analisemos o que há de novo agora, o TikTok:
Analizando os veículos de informação que já se fazem presentes na rede social, como BBC, Teen Vogue e SPN, os conteúdos produzidos que se distanciam de um “bastidores” ou entretenimento, ainda é muito pouco. Isso mostra que ainda não foi pensado de forma sólida, como informações mais próximas daquelas produzidas às plataformas tradicionais, se “encaixarão” na plataforma. Isso se dê talvez, por esses veículos ainda estarem muito atentos ao público majoritariamente adolescente da rede. Isso pode ser um erro, por dois motivos: primeiro por talvez estarem perdendo a oportunidade única de ressignificar o jornalismo para essa faixa etária, subestimando sua capacidade de consumir informações mais sólidas, uma vez que essas se comunique efetivamente com ela.
O segundo erro, é esperar que sua audiência das plataformas mais tradicionais adiram o TikTok, para só assim, começarem a produzir para a rede, como uma forma de “manter a isca”. Mas isso pode ser um erro catastrófico, se tudo resumir em encurtar uma informação em um vídeo atraente de 1 minuto. Esse é o momento de entregar para o seu público, um conteúdo que ele nem mesmo sabia que não só existia, mas que precisava dele. Esse é o momento de colocar a curadoria em prática. Como fazer isso? Da mesma forma que você chegou até esse ponto: com o journalism thinking!